Niklas Luhmaan inicia o oitavo capítulo do livro: “A realidade dos meios de comunicação”, falando sobre entretenimento.
O entretenimento não pressupõe nenhum comportamento complementar do “telespectador” e nenhuma regra previamente combinada, o trecho da realidade ao qual se constitui é marcado tanto óptica, quanto acusticamente. Essa moldura faz surgir uma realidade ficcional própria. Ele pode pressupor que o telespectador, diferentemente do que ocorre na própria vida, passa a observar o início e o fim, pois ele vivencia antes e mesmo depois, ou seja, separa o tempo do entretenimento do tempo em que tem que viver consigo mesmo, sendo de maneira alguma irreal. Ainda implica que objetivos reais totalmente autogerados facilitam a passagem do real para a realidade ficcional.
No entretenimento, nem tudo pode ser ficcional. O espectador precisa ser colocado na situação de constituir uma memória adaptada a narrativa. Isso só acontece se detalhes muito familiares forem fornecidos, juntos e suficientemente.
Quando se quer algo emocionante, ou que proporcione entretenimento, não se deve saber de antemão como o texto deve ser lido ou como a história deve ser interpretada. As pessoas querem ser entretidas sempre de forma diferente, por isso, o entretenimento deve encontrar um final e cuidar ele mesmo para que isso ocorra.
“Informações são diferenças que fazem a diferença”. Luhmann afirma que só no resultado de um processamento de informações pode-se reconhecer que e quais informações serão necessárias. Esse formato de problema da informação apresenta sujeitos que produzem a unidade da historia contada, e ao mesmo tempo permitem um salto para a identidade pessoal do telespectador.
Então, o autor define: “Entretenimento significa não procurar nem encontrar nenhum motivo para responder a comunicação com comunicação”.  É preciso fazer referência ao conhecimento já existente nos telespectadores, e buscar principalmente, pelo fato de ser oferecido de fora, a ativação daquilo que é vivido, esperado, temido, esquecido por si mesmo. É essa orientação da distinção entre realidade e ficção que produz o valor de entretenimento da comunicação.
O entretenimento possibilita uma auto inserção do mundo representado, onde permite o telespectador a inclusão e exclusão de idéias. Aquilo que é oferecido, não vale para sempre para ninguém; contudo, há indícios suficientes para se trabalhar a própria identidade. 

 

Por Gabriel Rodrigues,
2º Período, Comunicação Social